Para que o financiamento institucional entre no espaço criptográfico, as chaves privadas (private keys) precisam de custodiantes para garantir a segurança dos investidores, diz empresa de contabilidade.
O mercado de criptomoedas deve desenvolver meios mais seguros de armazenar ativos digitais para conquistar investidores institucionais, de acordo com um relatório da KPMG. A empresa de contabilidade alegou que as chaves privadas usadas para acessar as carteiras dos usuários eram uma falha de segurança fundamental:
“Os investidores institucionais, especialmente, não correm o risco de possuir ativos de criptografia se seu valor não puder ser salvaguardado da mesma forma que seu dinheiro, ações e títulos”.
A perda da chave privada de uma carteira (wallet) faz com que seu conteúdo fique inacessível. Muitos detentores perderam milhões de dólares em criptomoeda após perder a chave ”. Em um caso, a morte do CEO de uma exchange canadense no ano passado levou à perda de cerca de US $145 milhões.
O relatório da KPMG propõe que as chaves privadas sejam confiadas aos custodiantes institucionais para protegê-las em nome dos investidores. Isso potencialmente acalmaria alguns detentores preocupados em extraviar sua chave, no entanto, a solução oferecida seria um retorno às autoridades centralizadas que detêm ativos financeiros, como os bancos fazem hoje com moedas fiduciárias.
Isso levanta questões sobre a função de uma criptomoeda. Pode-se argumentar que um cofre tradicional para uma chave privada seria um meio mais seguro de armazenar ativos digitais do que confiá-los a um custodiante. Os instrumentos ao portador, como dinheiro, títulos e, mais recentemente, criptomoedas, pertencem a quem possui posse física do ativo (ou chave privada). Faz sentido confiar dinheiro a um custodiante – e não debaixo do colchão – devido ao potencial de perda ou roubo. No entanto, títulos ao portador e chaves de criptomoeda podem valer fortunas inteiras, exigindo apenas um local seguro para armazenamento.
No entanto, o problema apresentado pelo relatório da KPMG é certamente preocupante. Estima-se que US $9,8 bilhões foram roubados por hackers desde 2017, levando a preocupações sobre a viabilidade a longo prazo do crescimento do setor, se uma solução não for encontrada. O uso de carteiras frias (cold wallets), as que não estão conectadas à Internet, e a disseminação de ativos por várias carteiras pode ser um meio mais seguro de proteger os ativos do investidor contra hackers, não colocando todos os ovos (ou moedas) em uma cesta.
Mas e os ativos já roubados pelos hackers? No caso do Bitcoin, há algumas especulações de que a ação de preço de baixa às vezes é causada por hackers que vendem seu bitcoin roubado, inundando o mercado e quebrando o preço, como alguns especularam no Bitrue hackeado no ano passado.
No entanto, as trocas foram rápidas para responder ao hack Bitrue, oferecendo garantias de como o espaço criptográfico lidará com hacks no futuro. A Binance desenvolveu rapidamente um sistema antifraude, uma medida possível apenas graças à blockchain, permitindo que o bitcoin roubado seja identificado e bloqueado.
“À medida que os ativos criptográficos proliferam”, argumentam a KPMG em seu relatório, “os custodiantes têm uma tremenda oportunidade de lucrar – ganhando taxas de gerenciamento por fornecer serviços simples de custódia e também oferecendo serviços adjacentes apenas possíveis no ecossistema da criptografia emergente”.
A proposta da KPMG poderia tranqüilizar alguns investidores, mas pouco fará para seduzir aqueles que desejam entregar sua chave privada a terceiros quando puderem arriscar eles mesmos.